ESPIRITUALISMO E MEDIUNIDADE

Tipos de Manifestação Mediúnica

No Grupo Celebração, nós realizamos o trabalho Aliança Universal com “banca fechada”. Nesses rituais, a corrente trabalha a concentração e o voo da miração, incluindo momentos de bailado.

O Hinário Celebração, fechado para novos na Ayahuasca, é realizado com “banca aberta”. Isso significa que os participantes estão autorizados a dar passagem a manifestações mediúnicas dentro do salão. Por esse motivo, é fundamental que os participantes se informem ao máximo sobre temas espiritualistas que contribuam com seu desenvolvimento mediúnico.

Uma das questões que mais surgem entre os médiuns de incorporação iniciantes é sobre a veracidade das manifestações, tanto as próprias quanto as de outros participantes. A pessoa se questiona até que ponto a incorporação está ocorrendo por influência realde um espírito ou entidade. Afinal, durante o fenômeno, a pessoa em geral “ouvia tudo”, “via tudo”. Não seria então pura “imaginação” ou “representação”?

Só mesmo o estudo e a prática podem tornar o médium mais seguro sobre a realidade de suas incorporações e canalizações e aqui vamos falar sobre alguns pontos básicos dessa questão.

Em primeiro lugar, é importante saber que existem três graus diferentes de manifestação mediúnica.

Nas MANIFESTAÇÕES MECÂNICAS, a entidade “domina” totalmente o aparelho (corpo físico, mental e emocional) do médium. O médium perde a consciência e age segundo a vontade do espírito comunicante. Ao final do fenômeno, o médium não se lembra de nada do que ocorreu, do que falou ou como se movimentou. Importante ressaltar que esse tipo de mediunismo não é o mais recomendado.

Médiuns equilibrados e “afinados” não permitem que nenhuma entidade os domine de forma total. Como costumamos dizer, o médium deve ser “dono de sua casa (consciência)”, tendo sempre domínio suficiente para controlar quem nela recebe. Ele deve manter seu livre arbítrio desperto a ponto de interromper a incorporação ou contato mediúnico imediatamente nos casos em que considere a manifestação equivocada ou de algum modo agressiva.

As MANIFESTAÇÕES SEMI-MECÂNICAS são mais adequadas e devem ser consideradas o melhor modelo para os médiuns em desenvolvimento. Nesse tipo de incorporação, o espírito ou entidade induz o médium a agir, mas a consciência do médium é preservada como que “em segundo plano”, lúcida a ponto de discernir se a manifestação é bem-vinda e até quando deve durar. Digamos que existe, nesse tipo de manifestação, uma harmônica parceria entre médium e entidade comunicante.

Finalmente, existem MANIFESTAÇÕES INSPIRADAS, também bem-vindas nos rituais. Nesses casos, o médium age, dançando por exemplo, levado por uma intuição, um sentimento que vem de outras esferas. Costumam ser manifestações leves, conduzidas com maior controle pelo médium que as manifesta.

Importante perceber que, nos dois tipos de manifestação mediúnica mais adequados aos trabalhos espirituais, a consciência do médium permanece desperta durante o fenômeno, num estado de ligação e cooperação com a entidade ou espírito.

Não há nada de errado, portanto, no fato do médium “ver”, “ouvir”, “saber o que está ocorrendo” durante as incorporações. Muito pelo contrário.

Entretanto é necessário que exista real influência do espírito ou entidade comunicante, formando a “parceria” com o médium. Caso contrário, caímos sim numa pura pantomima ou representação vazia de real significado espiritual, numa MISTIFICAÇÃO.

Diferença entre Animismo e Mistificação

Há duas categorias básicas de fenômenos do psiquismo humano: os ANÍMICOS (do grego anima = alma) e os MEDIÚNICOS.

Dizendo de forma simples,anímico é tudo que é expressão do médium encarnado e mediúnico é tudo que é expressão do espírito ou entidade comunicante. 

As duas vias de comunicação se sobrepõem, de forma que não é fácil discernir quando um fenômeno é exclusivamente mediúnico ou anímico.

Todas as manifestações mediúnicas (psicofonia, psicografia, vidência, audiência, intuição, cura, incorporação etc.) trazem o teor anímico do médium, uma vez que este não age como uma máquina, na recepção e transmissão da mensagem do Espírito comunicante. Ele sempre funciona como umintérpretedo pensamento do Espírito, imprimindo naturalmente às comunicações mediúnicas que intermedia características peculiares de sua personalidade (trejeitos, vícios de linguagem, repertório cultural etc.).

Nos rituais, quando acontecem incorporações MECÂNICAS (com total domínio do espírito sobre o médium), podemos falar em pura manifestação mediúnica. Mas, como já ressaltamos em outro Post, esse tipo de manifestação não é a mais adequada. Defendemos que o médium deve estar treinado e equilibrado para ter sempre o controle da sua consciência e do seu corpo, do seu “aparelho” (jargão daimista para designar os corpos físico, mental e espiritual). Em suma, o médium deve sempre evitar a completa perda de controle.

Felizmente, a maioria das incorporações que ocorrem nos rituais são SEMI MECÂNICAS ou INSPIRADAS, isso é, existe uma parcela de atitudes do médium que são fruto de sua própria consciência e livre arbítrio e uma parte delas que são induzidas pela entidade. Acontece, portanto, uma “parceria” entre espírito comunicante e médium, uma manifestação mista, com componentes anímicos e componentes mediúnicos em diferentes proporções.

Nos casos em que não existe nenhuma influência espiritual e o médium simplesmente imagina estar incorporado, temos um caso de PURO ANIMISMO.

Nos casos em que não existe nenhuma influência espiritual e o médium finge estar incorporado por algum mecanismo egóico (para mostrar aos outros que é um bom médium, por exemplo), já caímos num caso de MISTIFICAÇÃO – que quer dizer, simplesmente, mentira.

A Mistificação também é usada por médiuns que querem manipular os outros em troca de benefícios de qualquer tipo. Por exemplo, um dirigente espiritual que quer obrigar as pessoas a não visitarem outras casas e cobra lealdade dos participantes falando em nome de algum espírito ou entidade.

Mesmo em casos onde há real parcela mediúnica, o lado anímico pode descambar para atitudes de mistificação como as citadas.

O grande perigo da Mistificação é que ela é uma porta aberta para a OBSESSÃO, assunto que será tratado em outro Post.

O que podemos concluir desse estudo é que os médiuns devem sempre buscar um máximo de sinceridade para consigo mesmos e para com os outros no que diz respeito ao que manifestam nos rituais, evitando ao máximo a Mistificação. Quanto ao Animismo e à Mediunidade, eles  sempre andarão juntos em diversos graus, e são bem-vindos em nosso salão.

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